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1º Disco - "Eu aqui"

O disco “Eu aqui” tem um alinhamento com 11 faixas totalmente cantadas em Português, mas que nem por isso deixam de ter lógica e coerência. Forma um bloco compacto, que se ouve do princípio ao fim, sem cansar, e sem grandes ondulações. No entanto os cromatismos e as modulações existem em cada trecho, numa dose quanto baste para lhe emprestar um tom de sofisticação.

Logo a abrir, temos o Single “O Verão não acabou”, um pequeno pop, com bateria, piano e guitarra eléctrica, evocando um Verão e uma paixão que ficou incompleta. Arranjos simples, numa melodia suave e coros festivaleiros.

Segue-se “Aqui sem ti”, uma faixa que começa com um sample invertido, para se resolver num ostinato melódico em piano, numa balada sintetizada, algo fraquinha e melancólica, evocando a monotonia dos dias que passam sem o amor que queremos.
Pela primeira vez, FF, mostra o seu falsete muito bem conseguido, no entanto sem garra suficiente, para nos comover.


“Tu és quem já amei”, é a faixa que se segue, com uma entrada a fazer lembrar um pop de Coldplay, para logo a seguir se desfazer em riffs de guitarra eléctrica e piano, bem ao estilo dos Anjos. A letra, essa continua a temática monocórdica do amor, que temos vindo a assistir.

Mostrar-te quem sou”, entra logo a matar com acordes de piano em fúria e coros em lamento. Aqui vem mais uma balada de amor fracassado. A toada que tanto parece agradar às nossas jovens sonhadoras, está aqui muito bem representada. A canção começa a ganhar garra e FF, começa aqui lentamente a crescer na interpretação.

Tudo o que quero”, também entra em piano, e com galhardia. Desta vez o nosso FF, mostra-se optimista, dizendo que “querer é o truque para ter”, e solta-se num falsete brilhantemente conseguido emprestando-nos sensação que vamos ter canção, e realmente vamos. No melhor estilo do festival dos anos 90.
“O que é bom é para se ver”, retoma a ideia do sample invertido para iniciar, para se resolver em velocidade numa bateria e num piano energéticos. FF, continua a mostrar alegria e coragem, a contrastar com a melancolia do início do álbum. A temática mantém-se constante: o amor. No entanto, aqui já é tratada com optimismo, e o apelo à conquista está cada vez mais patente, na realização do objectivo. A aura é de sol.


“Sei que sou capaz”, parece destoar um pouco aqui. Começa numa toada menor e sombria. É talvez a canção mais “devilish” do álbum. Aqui FF, ajudado, por guitarras eléctricas e sintetizadores, evoca o poder e a chama que precisa para ser feliz. Ele diz que quer ser bem sucedido, e quer ajuda. Está a atravessar o Inverno do seu percurso, mas optimista. Sabe que vai lá chegar e quer conseguir, mas exprime-o num tom melodramático de banda sonora, quase a lembrar um rock sinfónico de Nightwish.

“Talvez um dia” é mais uma balada de charneira. O piano lento e em acordes que progressivamente se vão encadeando com a bateria lenta e com o sintetizador, volta a trazer-nos das sombras, para uma realidade difícil. FF começa a questionar a sua capacidade de conseguir o amor. “Terá sido a viagem em vão”? Uma canção de dúvida.

Sem estares aqui”, é como que uma resolução da canção anterior. FF, reconhece que não é possível ignorar tudo o que se passou. Mostra-se convicto que o amor parece inevitável. Que tudo “é banal e não faz sentido sem tu estares aqui”. Isto cantado com alguma alegria contida e um falsete leve. Depois vem uma sugestão para a amada, de como o amor tem de vencer e uma abordagem claramente convidativa.

“Saltar para outro lugar” é o momento de viragem. O piano empresta uma balada em que FF, se retrata, como um ser que parece ter fracassado o seu objectivo, mas que mesmo assim não deverá nunca desistir e que “amanhã vai acordar e perceber que sem lutar não poderá vencer”. A canção pela primeira vez extrapola para lá do amor.

Eu aqui” apresenta-nos o desfecho. Um pop/rock enérgico, com as guitarras e o piano, a mostrarem o FF tal como ele é: um ser livre, resignado por estar sozinho, mas ao mesmo tempo, contente por estar disponível para amar e feliz por não ter receios. É um final e ao mesmo tempo um retorno ao ponto zero, em que se reconhece que o amor passou, mas que há espaço para recomeçar.

Na súmula, um disco que nos conta uma história típica de um jovem adulto, que conheceu o amor, o perdeu, e tudo o que passou para voltar a acreditar. Uma temática recorrente nos dias que correm e que por isso mesmo tão apelativa e identificativa é sociologicamente para todos os nossos jovens.

Indispensável a qualquer romântico sonhador, que goste de um som leve de fundo e precise de espairecer.